As cartas que eu não mando...

17/09/2009

Geme o papel aflito

Por que tanto desespero

Tantas lágrimas num grito?

Tanto sonho, alucinado

E amor ainda guardado…

E a pena, soluçando, replica

É que escrevo estas palavras

Curtindo dores intensas

Dessas que são choradas

Com uma saudade imensa…

O papel, contrito, aconselha

Ao invés de te lamuriares

De tanto me arranhares

Pensa um pouquinho sem dor

Escreve só o que fala o amor…

Mas o que mais me molesta,

Diz a pena, resmungando

Chorando e desesperando

É que o amor está sempre assim

Tão perto, tão longe de mim…

Continuando a conversa, diz

Dos ciúmes, das saudades

Das promessas, da felicidade

Da espera desesperada

De ser sempre a amada…

Que pena, diz o papel

Ficas só a te lamuriar

A sofrer, a reclamar

Esquecendo sem parar

De conjugar o verbo amar…

Confia em teu coração

Dize ao mundo que a ilusão

Ampara teu bem querer

Seduzindo com promessas

De beijos, abraços à beça…

Quer me fazer um favor, diz o papel?

Escreve agora pra mim

Frases que me atordoem

Canta cantigas de amores

Envolve-me só com flores…

Olhe pro céu de andorinhas

Que cedo deixam seus ninhos

Felizes da vida a cantar

Vão no ar assoviar

Em bandos e a voar…

A pena, toda agitada

Com uma alegria danada

Envolve o papel com ardor

E juntos, tal qual beija-flor

Recitam o hino do amor…

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